Era uma vez um Homem Bom... Um Semeador da Paz que “com o seu sorriso de sol – quente, compreensivo, acolhedor; com a sua palavra mansa, com um olhar justo de criança, e com a toda a serenidade e amor” conviveu, durante 50 anos, com crianças que ensinou a ler, a escrever e a contar, deixando em todas elas um rasto de justiça e reconciliação... Amou-as a todas com igual intensidade... Não! Amou mais as desfavorecidas, as afectiva ou economicamente mais carentes... Por isso lhe foi, justamente, atribuído o epíteto de “Professor dos Pobres”.
Esse Homem nasceu, viveu e exerceu o magistério numa aldeiazinha que, pouco a pouco, foi evoluindo, passando a vila e, mais tarde, a cidade. O progresso não trouxe consigo apenas vantagens e, rapidamente, o espaços verdes deram lugar a prédios cinzentos, estradas alcatroadas de negro e ruas sombrias, empedradas de granito e musgo...
As crianças que amava e que, outrora, brincavam, despreocupadamente, nos campos, nas bermas das estradas quase sem trânsito e nos passeios das ruas onde só passavam peões, deixaram de ter um lugar onde brincar...
Então, o Homem Bom que sonhava um mundo de Paz, Alegria e Amor para todas as crianças, sugeriu à autarquia local a construção de um parque infantil, bem no coração do parque da cidadezinha, junto à capelinha da padroeira que, do seu altar, protegeria aqueles seres indefesos.
O Homem sonhou e o sonho realizou-se.
O parque infantil nasceu. Lindo, amplo, pintado com cores alegres, em sintonia com os sorrisos dos petizes que lá brincavam.
Nos dias quentes de Verão, os braços dos frondosos plátanos e das perfumadas tílias, impedindo a entrada dos abrasadores raios de sol, transformavam aquele cantinho num pedacinho de céu.
E o seu Mágico Sonhador, quase diariamente, sentava-se num banco do jardim, a admirar o seu sonho. E sorria. Sorria com uma felicidade tanta que parecia uma criança também!
Pensando, talvez, na sua futura e inevitável ausência, quis perpetuar a sua presença espiritual e deixar, naquele local, um testemunho do seu maior desejo - que aquelas crianças vivessem em Paz para sempre...
Nova sugestão às autarquias locais, desta vez, ignorada... Tristeza profunda. Desânimo...
Mas, como Homem lutador que era, apesar de não ter posses económicas que lhe permitissem custear um “monumento”, correu hortos e estatuários e encontrou, finalmente, a estatuazinha que idealizara: duas crianças abraçadas, em gesto fraternal, sentadas, despreocupadamente, num banquinho de jardim.
Com a devida permissão das autoridade locais, colocou, na relva, junto ao parque infantil, o ternurento “monumentozinho”, materialmente pobre mas de uma riqueza simbólica incalculável. A seu lado, uma pequena rocha onde mandou cravar, em letras de bronze, a inscrição “Pax Vobis”...
Crianças que brincais no parquezinho infantil, brincai em Paz... porque o Homem Bom está no Céu, a olhar-vos, a sorrir-vos e a velar, carinhosamente, por vós...
(No Dia Mundial da Criança, uma singela homenagem ao patrono da nossa escola que dedicou às crianças um amor infinito...)
Profª Maria João Marques
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